Elton John também é um dos poucos cantores a fazer parte da realeza da música, um pequeno e seleto grupo formado por músicos britânicos como Paul McCartney e os Rollings Stones e que conseguem até hoje lotar um estádio inteiro.
O cantor diz estar surpreso com a
longevidade de sua carreira. "Se você olhar para qualquer um cuja carreira
durou 40 anos, trata-se de uma proeza", afirma o astro, em entrevista à
BBC.
"As vendas de discos podem
aumentar, diminuir, diminuir, aumentar... mas o que mantém qualquer astro da
música por cima é a sua habilidade de entreter e de se comunicar com a
plateia", acrescenta.
Mas, aos 66 anos, Elton John está
começando a sentir o peso da paternidade.
"Enquanto eu estiver me
sentindo bem, continuarei a trabalhar", diz o cantor. "Quando Zachary
(filho do artista) for para a escola, tudo será diferente. Quero levá-lo à
escola e buscá-lo depois, como todo pai faz. Não quero perder essa parte
importante da infância dele."
Zachary nasceu de uma barriga de
aluguel no Natal de 2010. A chegada do bebê foi um momento marcante na vida e
na carreira turbulenta de um dos maiores astros da música.
Felicidade
O cantor conta que sempre achou
que era muito velho, egoísta e "cheio de manias" para ter um filho.
"Isso só prova que nem
sempre estamos certos o tempo inteiro", diz Elton John. "Eu nunca
havia amado um ser humano tanto quanto amo Zachary, nunca."
O amor do astro da música pelo
filho é tão grande que ele até pensa em ter uma segunda criança. "Quando
chegar a hora, com certeza o farei. Mas hoje estou no nível máximo da minha
felicidade."
Trata-se de uma grande mudança
para alguém que já chegou a armar uma confusão sem precedentes em um hotel por
não gostar das cortinas dos quartos.
Mas a paternidade definitivamente
fez com que o astro da música pop refletisse sobre sua vida e seus hábitos de
uma maneira diferente. Em seu primeiro livro autobiográfico, Love is the Cure
("O Amor é a Cura", em tradução literal), a Aids e o vírus HIV são
dois assuntos recorrentes.
"As pessoas ainda se sentem
envergonhadas e temerosas em admitir que são soropositivas", afirma.
"É o estigma de ser gay,
porque trata-se de uma doença sexualmente transmissível, na maioria dos casos,
ou transmitida pelo uso de drogas intravenosas", acrescenta. "E
estigmas não fáceis de ser combatidos. Acho que é tão difícil hoje quanto era
há 30 anos."
Como o título de seu livro
sugere, Elton John diz acreditar que o amor é a cura. Ele reconhece, no
entanto, que as pessoas podem considerá-lo ingênuo por isso - afinal, a Aids
ainda é uma doença sem cura e não desaparece apenas com pensamentos positivos.
Mas, no livro, o cantor diz que o
objetivo é incentivar que as pessoas "demonstrem mais compaixão com o
outro, tenham um pensamento mais cristão e não sejam tão rancorosas".
E, na opinião dele, quanto mais
compressão e menos medo sobre a doença as pessoas tiverem, o preconceito tende
a diminuir e eventualmente desaparecer.
Livre dos vícios
Elton John também admite que a
apatia é hoje um problema no combate à Aids. Durante a década de 80, quando o
medo atingiu seu auge e toda uma geração de homossexuais morreu vítima da
doença, a estrela da música pop permaneceu em silêncio, sem ação.
"Eu era um drogado, um
usuário pesado de cocaína, álcool e maconha. Sabia que as pessoas estavam
morrendo de Aids porque muitas delas eram minhas amigas. E simplesmente não fiz
nada. Ficava com medo de discutir o problema porque estava com muita droga na
cabeça", justifica-se.
Ele acrescenta que ainda se sente
culpado pela inércia do passado. Mas afirma que, tão logo conseguiu se livrar
dos vícios, disse a si mesmo que compensaria de alguma forma o tempo perdido.
Uma de suas primeiras decisões
foi abrir a Elton John Aids Foundation (EJAF) em 1992, uma fundação voltada
para a pesquisa de novas drogas de combate à doença e assistência aos
portadores do vírus HIV, atualmente com sede em Nova York, nos Estados Unidos.
O cantor afirma que sua maior
conquista foi ter ficado "limpo". Sem isso, ele avalia que não teria
conseguido levantar mais de 175 milhões de libras (cerca de R$ 555 milhões)
para a pesquisa sobre HIV/Aids - ou permanecer ao lado de seu atual marido,
David Furnish.
O casal formalizou sua relação em
2005, no primeiro dia em que a lei sobre a união homoafetiva foi aprovada na
Grã-Bretanha, em 21 de dezembro daquele ano.
Apesar de hoje estar
"legalmente" ligado ao homem que diz amar, o cantor afirma que não vê
a necessidade de se casar. "Não preciso que a Igreja ratifique o meu relacionamento.
Estamos felizes desse jeito".
"Se o casamento acontecer,
então ótimo, não vou dizer não. É um passo para a igualdade, e há obviamente um
debate entre os dois lados. Mas isso certamente não vai arruinar a civilização
humana", acrescenta.
E, com a franqueza de sempre,
Elton John conclui: "O casamento heterossexual fez mais para arruinar a
ideia do casamento do que qualquer outra coisa".
Fonte: BBC News
Fonte: BBC News