quarta-feira, 10 de julho de 2013

Saiba como funciona o bitcoin: o dinheiro digital

Dinheiro: moedas de Real


O bitcoin é um tipo de dinheiro digital produzido por milhares de computadores espalhados pelo planeta, a um ritmo aproximado de 25 unidades a cada dez minutos.
Engana-se quem imagina que o bitcoin está restrito a um nicho formado por programadores e entusiastas de tecnologia. A moeda vem ganhando popularidade e começou a chamar a atenção de grandes investidores. Entre os que acreditam no seu potencial estão os gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss, que ficaram famosos ao processar Mark Zuckerberg, acusando-o de plagiar sua ideia para criar o Facebook. Os irmãos teriam uma quantia de bitcoins equivalente a 11 milhões de dólares, segundo o jornal The New York Times. Para garantir que não serão roubados, eles guardam as chaves de segurança em pen drives depositados em cofres de três bancos.


“Não concordo com o sistema em que vivemos. A Casa da Moeda imprime dinheiro como fazem os americanos, que jogam dólares na economia e aumentam o teto da dívida. Sinto que isso está errado. O bitcoin não é controlado por nenhum governo ou banco. É um sistema paralelo, extremament avançado e sólido, diz Thiago Martins, analista de sistemas, obcecado pela moeda.


O modelo é similar ao das redes P2P, usadas para compartilhamento de arquivos na internet. Por isso, controlar a moeda virtual, como fazem os bancos centrais com a moeda real, é muito difícil. Há uma teoria que prevê que, quando mais de 50% do poder computacional da rede estiver nas mãos de uma mesma organização, o bitcoin poderá ser manipulado. Como o número de computadores cresce sempre, essa possibilidade é bastante remota.



Sua ideia era montar um sistema que permitisse transferências, depó­ sitos e pagamentos online entre pontos diferentes do planeta, de forma rápida, descomplicada e anônima, sem intermediários. A moeda precisaria adotar um altíssimo padrão de segurança e uma estrutura capaz de resistir a turbulências econômicas ou à quebra de instituições financeiras.

Os que não querem que seu dinheiro seja controlado pelo governo ou por bancos veem na moeda virtual uma alternativa e uma proteção. O bitcoin foi criado por um desenvolvedor misterioso, chamado Satoshi Nakamoto, em 2008, logo depois da crise financeira que atingiu os Estados Unidos.

Nakamoto conseguiu. Até hoje ninguém falsificou bitcoins. 


O que mantém o funcionamento da moeda virtual são os “mineradores”, versões modernas das pessoas que garimpavam ouro. Computadores integrados à rede por meio de um software competem entre si, resolvendo complicados problemas matemáticos. Aqueles que encontram a solução primeiro recebem um bloco de bitcoins. Isso acontece a cada dez minutos, e a dificuldade aumenta com o tempo. Na primeira fase do bitcoin, cada bloco rendia 50 moedas virtuais. A cada 210 mil blocos minerados, a recompensa diminui pela metade. Desde dezembro, caiu para 25 bitcoins. Dentro de quatro anos serão 12,5 bitcoins. E assim sucessivamente, até 2140, quando o último bloco será minerado.

A rede de mineradores também assegura que ninguém possa gastar o mesmo bitcoin duas vezes. Isso é feito por meio do registro de todas as transações feitas com a moeda. Cada pessoa tem uma carteira digital identificada por um endereço de 34 caracteres, que armazena os bitcoins. Para fazer uma transação, basta indicar o destinatário e definir a quantia a ser enviada.

Mas o bitcoin já tem quatro anos e ainda não deu sinais de que vai acabar. Isso não quer dizer que o dinheiro virtual dará certo e se tornará referência mundial. Como se trata de uma moeda deflacionária, o bitcoin pode frear o crescimento da economia sempre que seu valor subir. Em vez de gastar, as pessoas vão preferir poupar, pois amanhã uma unidade poderá valer muito mais. Isso teria o potencial de provocar recessão em larga escala. Outras moedas criptografadas que trazem aprimoramentos também co­ meçaram a surgir. Nada impede que uma delas tome o lugar do bitcoin.

Em março a Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCen), do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, publicou regula­ mentação para os serviços que fazem negociações com a moeda. As empre­ sas terão de denunciar operações suspeitas. Isso foi interpretado como uma legalização informal do bitcoin e uma indicação de que as transações não serão proibidas pelo governo.

Isso seria motivo de comemoração para o criador da moeda virtual, Satoshi Nakamoto. Mas ele está desaparecido desde abril de 2011, quando escreveu uma mensagem para Gavin Andresen, um dos principais desenvolvedores do software usado pelo bitcoin, informando que cuidaria de outros assuntos. Nakamoto afirma ser japonês. Fala inglês bem e tem um conhecimento técnico acima da média. Nunca ninguém o viu ou conversou pessoalmente com ele. O criador do bitcoin tornou­se conhecido em 1o de novembro de 2008, quando publicou o conceito da moeda virtual em uma lista de discussão sobre criptografia. Em ja­ neiro de 2009, minerou o primeiro bloco de 50 bitcoins. Em dois anos, escreveu 575 posts no Bitcoin Forum. Depois sumiu. Suspeita­se que Nakamoto seja o pseudônimo de um gênio ou de um grupo que minerou 1 milhão em bitcoins. Se a moeda seguir o destino planejado, seu criador vai se tornar um dos homens mais ricos do mundo.
Fonte: Revista Exame