quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Supercola desenvolvida por cientistas pode colar coração humano

O novo adesivo poderá até substituir as suturas e grampos em cirurgias do coração, vasculares ou do sistema digestivo.
Uma equipe americana já realizou testes em porcos que mostraram que supercola pode selar defeitos no coração em uma questão de segundos e ainda aguentar a pressão dentro do coração.
O produto poderá está disponível para o uso em humanos dentro de dois ou três anos, depois de mais testes.
Os médicos já usam um tipo de cola, um adesivo, em pacientes para fechar ferimentos, substituindo pontos e grampos.

Cirurgia (Arquivo/Getty)

Mas, até o momento, esta cola de uso médico ainda não era forte o bastante para aguentar as forças dentro das câmaras do coração ou dos grandes vasos sanguíneos.
A pesquisa foi divulgada na revista especializada Science Translational Medicine.
À prova d'água
A nova cola, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Harvard, pode garantir o fechamento de feridas ou aberturas cirúrgicas à prova d'água em poucos segundos com um raio de luz UV.
"Desenvolvemos uma cola cirúrgica que pode ser usada em procedimentos mais abertos e invasivos e selar tecidos dinâmicos como vasos sanguíneos e o coração, além dos intestinos", disse à BBC um dos autores do estudo, Jeffrey Karp, do Brigham and Women's Hospital, em Boston, no Estado de Massachusetts.
Para Karp, além do potencial de substituir as suturas e grampos, a supercola "pode abrir a porta para uma maior adaptação em procedimentos minimamente abusivos".
O polímero adesivo desenvolvido pelos cientistas americanos, que é repelente de água e sangue, foi inspirado na habilidade de algumas criaturas, incluindo as lesmas, de aderir a superfícies usando secreções viscosas que funcionam mesmo com umidade.
Os pesquisadores testaram a cola no coração de porcos, que são semelhantes ao coração humano, durante uma cirurgia e descobriram que ela conseguiu reparar os defeitos no coração do animal.
Segundo Karp ainda são necessários mais estudos para garantir a segurança do uso da supercola em humanos, mas os resultados até o momento sugerem que a cola cirúrgica também poderá ser usada para fechar rapidamente feridas abertas.
Sanjay Thakrar, da organização de caridade britânica voltada para problemas cardíacos, a British Heart Foundation, afirmou que o sistema cardiovascular é um "ambiente dinâmico, onde há um fluxo de sangue contínuo e contrações do tecido, e as colas existentes com frequência não funcionam bem nestas condições".
"Estes pesquisadores parecem ter descoberto uma forma inovadora de superar estas questões, o que pode ser muito útil durante os procedimentos minimamente invasivos", afirmou.
Mas, para Thakrar, os cientistas americanos apenas avaliaram a eficácia da cola em um período curto e "é importante ver como a cola age em períodos maiores".

Fonte: BBC Brasil