Um estudo que mediu a eletrocondutividade no interior do planeta indica que  talvez haja imensos oceanos sob a superfície da Terra.
A água é um condutor extremamente eficiente de  eletricidade.
Por isso, cientistas da Oregon State University,  nos Estados Unidos, acreditam que altos níveis de condutividade elétrica em  partes do manto terrestre - região espessa situada entre a crosta terrestre e o  núcleo - poderiam ser um indício da presença de água.
 Os pesquisadores criaram o primeiro mapa global  tridimensional de condutividade elétrica do manto. Os resultados do estudo foram  publicados nesta semana na revista científica Nature.
Os pesquisadores criaram o primeiro mapa global  tridimensional de condutividade elétrica do manto. Os resultados do estudo foram  publicados nesta semana na revista científica Nature.As áreas de alta condutividade coincidem com zonas  de subducção, regiões onde as placas tectônicas - blocos rígidos que compõem a  superfície da Terra - entram em contato e uma, geralmente a mais densa, afunda  sob a outra em direção ao manto.
Geólogos acreditam que as zonas de subducção sejam  mais frias do que outras áreas do manto e, portanto, deveriam  apresentar menor condutividade.
"Nosso estudo claramente mostra uma associação  próxima entre zonas de subducção e alta condutividade. A explicação mais simples  seria (a presença de) água", disse o geólogo Adam Schultz, coautor do  estudo.
Mistério geológico
"Se a água não estiver sendo empurrada para baixo pelas placas, seria ela primordial? (Estaria) lá embaixo há bilhões de anos? E se foi levada para baixo à medida que as placas lentamente afundam, seria isso um indício de que o planeta já foi muito mais cheio de água em tempos longínquos? Essas são questões fascinantes para as quais ainda não temos respostas." Adam Schultz, coautor do estudo.
Apesar dos avanços tecnológicos, especialistas não  sabem ao certo quanta água existe sob o fundo do mar e quanto dessa água chega  ao manto.
"Na verdade, não sabemos realmente quanta água  existe na Terra", disse um outro especialista envolvido no estudo, o oceanógrafo  Gary Egbert. "Existem alguns indícios de que haveria muitas vezes mais água sob  o fundo do mar do que em todos os oceanos do mundo combinados."
Segundo o pesquisador, o novo estudo pode ajudar a  esclarecer essas questões.
A presença de água no interior da Terra teria  muitas possíveis implicações.
A água interage com minerais de formas diferentes  em profundidades diferentes. Pequenas quantidades de água podem mudar as  propriedades físicas das rochas, alterar a viscosidade de materiais presentes no  manto, auxiliar na formação de colunas de rocha quente e, finalmente, afetar o  que acontece na superfície do planeta.
E se a condutividade revelada pelo estudo for  mesmo resultado da presença de água, o próximo passo seria explicar como ela  chegou lá.
"Se a água não estiver sendo empurrada para baixo  pelas placas, seria ela primordial? (Estaria) lá embaixo há bilhões de anos?",  pergunta Schultz.
"E se foi levada para baixo à medida que as placas  lentamente afundam, seria isso um indício de que o planeta já foi muito mais  cheio de água em tempos longínquos? Essas são questões fascinantes para as quais  ainda não temos respostas".
Os cientistas esperam, no futuro, poder dizer  quanta água estaria presente no manto, presa entre as rochas.
Este estudo teve o apoio da Nasa, a agência  espacial americana.
Fonte: BBC News
