O programa Bolsa Família permitiu ao presidente Luiz Inácio  Lula da Silva ser “aclamado como o líder mais bem avaliado da mais recente  democracia brasileira” e deverá ser sua arma para afastar as más notícias com  vistas às eleições presidenciais de 2010, segundo afirma reportagem publicada  nesta segunda-feira pelo diário espanhol El País. 
A reportagem do jornal espanhol é acompanhada de uma entrevista com o  ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que afirma que a meta do  governo brasileiro é erradicar a fome e reduzir a pobreza em 75% no país até  2015.
O repórter do jornal visitou a cidade cearense de Maracanaú, município de 200  mil habitantes próximo a Fortaleza, no qual 18.400 famílias recebem a ajuda  média de R$ 95 mensais paga pelo governo.
Segundo o jornal, a notícia do aumento de 9,67% nos recursos do programa para  o próximo ano foi recebida na cidade “como um maná”.
'Luta dura'
A reportagem observa que “ainda falta mais de um ano para as eleições no  Brasil”, que deverão ser “uma luta dura entre o Partido dos Trabalhadores (PT)  do presidente Lula e a social-democracia que encabeça o governador do poderoso  Estado de São Paulo, José Serra”.
“A campanha já começou com Lula tentando se safar de um escândalo de  corrupção que envolve um aliado político chave, o presidente do Senado, José  Sarney, e apontando a candidata para lhe suceder, a ministra Dilma Rousseff, que  luta neste momento contra o câncer”, relata o jornal.
“Uma das melhores armas que Lula tem para contrabalancear todos os seus males  é o reconhecido programa Bolsa Família”, afirma a reportagem, acrescentando que  ele é semelhante a um plano adotado pelo governo mexicano e reconhecido  internacionalmente.
Segundo o jornal, “Lula planeja chegar a 2010 tendo contribuído para que os  pobres brasileiros sejam menos pobres e que a classe média deste país de  dimensões continentais supere os 50% da população”.
Pobreza aliviada
A reportagem observa que o Bolsa Família é o “eixo de uma complexa  arquitetura de mecanismos de assistência aos estratos mais desfavorecidos” e que  ajudou a aliviar a pobreza de 11,4 milhões de famílias.
O jornal relata que os críticos do programa o acusam de ser “um remendo  temporário para um problema de difícil solução” e que “dar dinheiro a fundo  perdido a pessoas analfabetas dificilmente ajuda no desenvolvimento social de um  país”.
“Alguns afirmam inclusive que é uma forma descarada de comprar favores e  votos com vistas às eleições”, diz a reportagem.
O governo responde, segundo o jornal, afirmando que a ajuda está sujeita a  condições, como a obrigatoriedade de que os filhos menores de 18 anos frequentem  a escola, que os pais cumpram a agenda de vacinações dos filhos e que as futuras  mães se consultem com médicos durante a gravidez.
A reportagem termina afirmando que em localidades como Maracanaú “os  funcionários do Ministério de Desenvolvimento Social repetem como um mantra que  a pobreza segue sem ser bonita, mas, de certa forma, é agora mais digna”.
Fonte: BBC Brasil
