quarta-feira, 13 de abril de 2011

Em vídeos, atirador de Realengo fala do planejamento do ataque

O "Jornal Nacional", da TV Globo, divulgou nesta terça-feira vídeos feitos por Wellington Menezes de Oliveira, 23, que atirou contra alunos da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste do Rio), matando 12 deles na quinta-feira (7).

Nos vídeos, ele aparece sem barba e fala de modo calmo, mas confuso. Ele diz ter feito a gravação na terça-feira (5), dois dias antes do ataque, e fala sobre o planejamento do crime.




"A luta pelo qual muitos irmãos no passado morreram e eu morrerei não é exclusivamente pelo o que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem", disse.
Em outra parte, o atirador explica o motivo de ter tirado a barba antes do crime.
"Os irmãos observaram que eu raspei a barba. Foi necessário, porque eu já estava planejando ir ao local para estudar, ver uma forma de infiltração. Eu já tinha ido antes, há muitos meses. Eu fui. Eu ainda não usava barba. Eu fui para dar uma analisada", afirmou.
Oliveira também afirmou que visitou a escola dois dias antes do massacre e falou sobre solidão. "Hoje é segunda, terça-feira, aliás. Eu fui ontem, segunda. Hoje é terça-feira, dia 5. E essa foi uma tática para não despertar atenção. Apesar de eu ser sozinho, não ter uma família praticamente. Eu vivo sozinho, não tenho pessoas a dar satisfação, mas, como eu precisava ir ao local e interagir com pessoas, para não chamar atenção, eu decidi raspar a barba."
A polícia informou que um perfil de Wellington Menezes de Oliveira será traçado durante o inquérito. Investigações preliminares indicam que ele apresentava um comportamento estranho desde que a mãe adotiva morreu, no ano passado.
Filho de mãe com problemas mentais que tentou o suicídio, Oliveira era o caçula de cinco filhos e foi adotado ainda criança. Tímido e retraído, segundo vizinhos, ele fazia poucas referências sobre a vida pessoal.
O corpo do atirador permanece no IML (Instituto Médico Legal), já que até agora nenhum parente foi fazer o reconhecimento. Caso ninguém reclame o corpo em 15 dias, ele será enterrado como indigente.


MASSACRE
A tragédia ocorreu por volta das 8h30 do dia 7 de abril, após Wellington entrar na escola onde cursou o ensino fundamental e dizer que buscaria seu histórico escolar. Depois, disse que daria uma palestra e, já em uma sala de aula, começou a atirar nos alunos.
Relatos de sobreviventes afirmam que ele mirava na direção nas meninas. Uma das alunas contou aos policiais que, ao ouvir apelos para não atirar, Oliveira mirava na direção delas, tendo como alvo a cabeça.
Os policiais informaram ainda que, pelas análises preliminares, há indicações de que Oliveira treinou para executar o crime.
Durante o tiroteio, um garoto, ferido, conseguiu escapar e avisar a Polícia Militar. O policialMárcio Alexandre Alves relatou que Oliveira chegou a apontar a arma para ele quando estava na escada que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde alunos estavam escondidos. O policial disse ter atirado no criminoso e pedido que ele largasse a arma. Em seguida, Oliveira se matou com um tiro na cabeça.
A motivação do crime será investigada. De acordo com a polícia, o atirador usou dois revólveres e tinha muita munição. Além de colete a prova de balas, usava cinturão com armamento. Em carta (leia íntegra aqui), o criminoso fala em "perdão de Deus" e diz que quer ser enterrado ao lado de sua mãe.
Nesta terça-feira, a polícia informou que o laudo cadavérico do IML do atirador apontou característica de suicídio.

Fonte: A Folha