Os confrontos ocorreram depois que mais de 50 mil pessoas marcharam rumo ao Parlamento sob os gritos de "não vamos nos submeter à troika (credores)" e "fora UE e FMI!", num dia de greve nacional contra a nova rodada de medidas de austeridade determinadas pela UE e o FMI como exigência para dar mais ajuda ao país.
Ao final da manifestação, dezenas de jovens com roupas pretas jogaram pedras, coquetéis molotov e garrafas na polícia, que respondeu lançando gás lacrimogêneo. A polícia perseguiu os manifestantes pela praça Syntagma, em frente ao Parlamento, enquanto helicópteros sobrevoavam o local. Havia um pequeno foco de incêndio em uma esquina.
A greve, convocada pelos dois maiores sindicados do país - que representaram metade dos 4 milhões de trabalhadores gregos - é o primeiro grande teste à popularidade do primeiro-ministro Antonis Samaras.
A polícia estimou que o protesto foi o maior desde uma grande marcha em maio de 2011, e foi um dos maiores desde que a Grécia pediu ajuda externa pela primeira vez em 2010.
"Não aguentamos mais isso - estamos sangrando. Não podemos criar nossas crianças dessa forma", disse Dina Kokou, uma professora de 54 anos e mãe de quatro filhos que vive com uma renda mensal de 1.000 euros. "Esses aumentos de impostos e cortes de salários estão nos matando."
A insatisfação está concentrada principalmente nos cortes de gastos de cerca de 12 bilhões de euros que o governo terá que fazer nos próximos dois anos, como parte do acordo da Grécia com a União Europeia e o FMI para receber uma nova parcela da ajuda.
Os cortes vão ocorrer nos salários, pensões e benefícios sociais, provocando uma nova onda de aperto financeiro para os cidadãos gregos que alegam que as repetidas medidas de austeridade os levaram à beira da falência e não melhoraram a situação do país.
As férias de verão deram ao governo de coalizão liderado pelos conservadores uma calma relativa nas ruas desde que Samaras chegou ao poder com uma plataforma pró-euro e pró-resgate, mas os sindicatos preveem mais protestos com o fim do descanso.
"Ontem os espanhóis tomaram as ruas, hoje somos nós, amanhã serão os italianos e no dia seguinte, todo o povo da Europa", disse Yiorgos Harisis, sindicalista do sindicato dos servidores públicos Adedy.
Cerca de 3 mil policiais - o dobro do usado normalmente - foram às ruas para proteger o centro de Atenas. O último grande caso de violência nas ruas de Atenas fora em fevereiro, quando manifestantes colocaram fogo em lojas e agências bancárias depois que o Parlamento aprovou as medidas de austeridade.
FONTE: Diário do Comércio